Quem não se lembra com muita saudade daquelas tabernas, junto à antiga lota de Portimão foi cenário de muitas décadas da faina da sardinha, já que desde séculos se estabeleceu uma estreita relação entre a pesca e o porto de Portimão na zona ribeirinha, cais da lota (hoje transformadas em restaurantes) um pouco mais a frente, onde entrávamos depois de”negociada”cá fora na rua, uma “canastra” de fresquíssimas e reluzentes sardinhas acabadas de descarregar, vivinhas, da traineira atracada ali em frente, na doca dos pescadores.
As tabernas abertas de madrugada para servir os velhos do mar esfomeados e as mulheres que trabalhavam durante a noite nas antigas fábricas das conservas, que durante o dia se trasformava em casa de pasto para servir turistas e locais, havia uma pilha de pequenos fogareiros, de onde se retiráva os necessários (normalmente, um era o ideal para duas pessoas), ao lado, um enorme e mascarrado caixotão, atulhado de negro carvão vegetal. Com este guarnecíamos os assadores, retirávamos de outra pilha um banquinho baixo de madeira para cada um, pedíamos uma brasa a cada grupo de pessoas ( normalmente pescadores ) que já assavam peixe nos respectivos fogareiros, avivávamos o lume com abanicos de palma, e quando o fogo estava “de jeito”, sentávamo-nos em redor dos braseiros, colocávamos as grelhas em cima, deixávamos esmorecer um pouco o lume, e sobre estas, já lavadas e salpicadas, as belas sardinhitas.
Eram comidas à mão directamente em cima de uma fatia de pão, quem tirava da grelha uma sardinha assada, preenchia de imediato o lugar deixado vago por esta, com outra crua. E ali estávam, contemplando as (nesse tempo) águas do Aráde, comendo, lambendo os dedos e bebendo pela garrafa, do tintol Cramujeira.
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